quarta-feira, 11 de maio de 2011

Gil e Juju, Juju e Gil


Outro dia recebi um convite de Marrom, colunista multimídia da Rede Bahia. Não só aceitei como levei Juju comigo. O motivo era nobre: Gilberto Gil ia dar uma entrevista no programa da Bahia FM. No caminho, ainda dentro do táxi, cantei umas músicas de Gil pra Juju e lembrei de umas histórias de nós dois (eu e Gil). De pronto, ela me perguntou: "Mas ele vai cantar, mamãe". "Vai", respondi, segura. Quando chegamos o estúdio estava lotado. Sentamos no chão ao lado de outros fãs atentas às novidades. Nos ofereceram um lugar na arquibancada: mas eu queria mesmo era ter minha filha no colo, curtindo Gilberto Gil a poucos passos, logo na nossa frente.

Todo de branco, Gil conversou o tempo todo com aquela voz serena antes e depois do microfone aberto. Lembrou de causos, deu risada com a camisa que estampava seu retrato (uma homenagem do também fã Marrom), defendeu o forró, ritmo do seu novo CD, Fé na Festa... E ainda deixou em aberto a possibilidade da volta dos Novos Baianos. Já pensou?!

Entre uma história e outra, a rádio tocou uma das músicas de trabalho do CD. Gil deu uma breve palinha, mas logo continuou a responder às perguntas dos jornalistas e da plateia, todos ávidos pelas respostas...Lá pelas tantas, Juju cochichou no meu ouvido. "Mamãe, ele não é cantor?", perguntou. "É, filha", disse. "Mas cantor não canta?", emendou. "Sim", respondi. "Então se ele é cantor...porque não canta?!!!"...

A lógica infantil não permite rodeios. Em casa, Gil cantou Sítio do Pica Pau Amarelo só pra ela. E a sementinha foi plantada. Dias depois ela viu a foto dele na capa de uma revista e apontou: "Mamãe não é o Gil?".

Cresci ouvindo o som de minha mãe. Especialmente no fim de semana, enquanto o almoço era preparado, as bolachas do LP me abriam para um novo mundo, através das letras de craques da MPB, especialmente. De noite, muitas vezes um encontro de gerações lá em casa trazia novo repertório para a minha trilha sonora. Os mais novos (meus primos e seus amigos) e os mais vividos (companheiros de uma vida dos meus pais) se juntavam para rodadas de violão, acompanhadas do piano da minha mãe e da batucada improvisada do meu pai. E eu, uma moleca, só ouvindo...

Juju é muito musical. Adora cantar. Adora dançar. Sua mais nova diversão é sair mexendo os braços e os ombros, saltitando cheia de ritmo, ao ouvir uma música nova. Seja qual for. Em qualquer lugar que esteja. Com um sorriso que te convida na hora para a farra. Através dela, voltei no tempo de uma infância feliz, que ajudou a costurar, nessa colcha de retalhos que é a nossa vida, o que sou hoje. Espero que minha filha também tenha boas lembranças do tempo de menina...

7 comentários:

  1. Tosinha, dançar pra mim é sinônimo de Rachel e Mônica. Lembro de vocês duas sempre que ouço algo agradável de ouvir e gostoso de dançar. Espero que a Juju tenha o molejo da mãe e o charme da dinda. Aí ninguém segura essa baianinha arretada! Tadinho do Sérgio. Bjs. Fê.

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  2. Ai, Fê! Fiquei emocionada com seu comentário. resolvi até fazer esse comentário do seu comentário, antes de falar sobre o deliciosos texto da Kel. Dançar é sinônimo de alegria e vivemos, no início da vida adulta, momentos felizes e inesquecíveis, juntas!!!! Bjs, Mô.

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  3. Juju é sensível, inteligente e ligada. Vivenciar esse mundo cultural riquíssimo que é a Bahia é um estímulo fantástico para ela. Experimentando tantos sons, cores, odores e sabores, ninguém segura essa menina!!!!

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  4. Que delícia.
    Julia é inteligente como o são todas as Julias (rs)
    Sobre a música: Senti que eu fazia parte daquilo ali. Estou entre os primos que faziam barulho na casa 13. Beijos e abraços
    Claudio

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  5. Primo, claro, vc e seus amigos fizeram parte desse barulhinho bom da casa 13!!! Como não? Precisamos um dia reviver esse passado. O que acha? Bj em vc, na Julia e na Roberta!!!

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  6. Ai, ai, ai, ter amigas como vcs alimentam a alma. Podem ir preparando o esqueleto porque em julho teremos um festão para comemorar todas as nossas boas lembranças. bjo

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  7. Aproveito o comentário do comentário para cobrar mais uma visita sua. Sumida nos deu o ar da sua graça quando os filhos ainda eram pequenos. Saudades. Quero dançar contigo. Bjs, Fê.

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